Professor avalia: por que o jovem não quer mais o trabalho tradicional? 4k5x2k
Kleber Dal Pizzol, da FEMA, analisa mudança geracional, instabilidade no comércio e o papel das instituições de ensino na mediação entre empresas e juventude. 2m2u2i
Publicado em 29/05/2025 17h27 - Atualizado há 2 dias - de leitura 656r

A alta rotatividade no comércio e a dificuldade de preencher vagas têm exposto um cenário de instabilidade nas relações de trabalho no Rio Grande do Sul — realidade também sentida em Santa Rosa. Segundo dados do Ministério do Trabalho, em 2024, foram mais de 403 mil issões no setor comercial no estado, mas os desligamentos somaram quase o mesmo número: 390 mil. 5p2j4x
Em entrevista à rádio Noroeste e NTV, o professor Kleber Dal Pizzol, da FEMA, que leciona Empreendedorismo e Marketing, propõe um olhar mais amplo para entender o que está acontecendo com o jovem de hoje, especialmente entre os 16 e 30 anos. Ele aponta uma inquietação da nova geração, que busca experiências, propósito e flexibilidade — e não apenas estabilidade ou altos salários.
Segundo o professor, há uma quebra de paradigmas que impacta diretamente o mundo do trabalho. “O jovem de hoje não quer mais repetir as mesmas tarefas por anos. Ele quer sentido”, explica. Para ele, a digitalização acelerou essa transformação, e estudar, empreender, consumir e se divertir acontece cada vez mais no ambiente digital. “Isso colide com a lógica presencial e intensiva do comércio tradicional”, acrescenta.
Na avaliação de Dal Pizzol, em vários casos, o empresário não entende o jovem e o jovem não entende o empresário. Ele relata que, na FEMA, o esforço é constante para aproximar os dois lados. “A gente escuta o empresário e leva isso para a sala de aula. Mas também precisa entender a cabeça do estudante”, diz.
Em seu entendimento, a crítica à resistência de ambos os lados é clara: o empresário espera dos jovens um comportamento que já não existe mais. O jovem, por sua vez, busca no trabalho algo mais próximo de seu estilo de vida — mais dinâmico, tecnológico e com liberdade. “O jovem não busca carreira de 30 anos. Busca conexão com propósito”, observa.
O professor também chama atenção para o papel da família: “Fala-se muito do jovem e do empresário, mas pouco da família nesse processo. O apoio familiar, inclusive financeiro, é fundamental para que o jovem siga estudando e buscando formação”, ressalta.
Questionado sobre o futuro, Dal Pizzol acredita que a tendência é irreversível: o mundo mudou, e o emprego também vai mudar. “A Finlândia e a Estônia, por exemplo, enfrentaram o mesmo desafio. E conseguiram superar investindo em educação, escutando o jovem e aproximando-o do mercado com novas formas de trabalho e ensino”, orienta.
Em Santa Rosa, ele cita iniciativas como o Conselho Municipal de Educação e os programas da ACISAP como avanços importantes. “Temos bons movimentos por aqui. Mas ainda precisamos de mais empresários com visão para investir na educação. Isso é uma cultura que precisa mudar”, encerra.
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