Laudos descartam marcas de violência em menina de 11 anos morta em São Gabriel, RS 401a34
Conclusões técnicas contrariam informações iniciais divulgadas pela Polícia Civil. 163m37
Publicado em 13/05/2025 16h52 - Atualizado há 4 semanas - de leitura 176rg

Laudos médicos e do Instituto-Geral de Perícias (IGP) indicam que Izabelly Brezzolin, de 11 anos, não apresentava marcas de violência quando foi atendida no Hospital Santa Casa. A menina morreu no último dia 7 de maio, em São Gabriel, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. As conclusões técnicas contrariam as informações iniciais divulgadas pela Polícia Civil. q1rw
Durante a investigação, iniciada no mesmo dia da morte, a Polícia havia informado que a criança deu entrada no hospital com duas costelas fraturadas, perfuração de pulmão, diversos hematomas e sangramento na vagina.
No entanto, em nota divulgada na segunda-feira (12), o Hospital Santa Casa de São Gabriel afirmou que “nenhum dos exames realizados apontou fraturas de costelas ou indícios de violência sexual”. Segundo a instituição, foi identificado um quadro de pneumotórax, causado pelo acúmulo de ar no pulmão.
A Polícia Civil se manifestou por meio de nota, afirmando que a prisão em flagrante ocorreu em razão dos elementos de informação colhidos no momento em que teve conhecimento dos fatos. O comunicado também afirma que documentos da evolução da paciente e depoimentos davam conta da chegada da vítima em estado de choque, com lesões, inclusive genitais.
Apesar disso, a investigação ainda aponta que os pais da criança são os principais suspeitos pelo crime. Para além dos laudos, há dois elementos que reforçam a hipótese: a demora em buscar atendimento médico, mesmo após a criança apresentar sintomas graves durante três dias, o que, segundo a investigação, configura maus-tratos; e os depoimentos colhidos até o momento. A própria mãe relatou à polícia que o pai da menina apresentava comportamentos suspeitos, o que levanta a possibilidade de abuso sexual.
A investigação segue em andamento e os pais continuam presos.
Veja a nota do Hospital Santa Casa: 496n6
"A Irmandade da Santa Casa de Caridade de São Gabriel informa que a paciente Isabelly Carvalho Bresolin foi imediatamente e exemplarmente atendida pelo plantonista e por toda a equipe envolvida no atendimento, sendo realizados todos os procedimentos necessários com agilidade e responsabilidade.
Após avaliação clínica e realização de exames de imagem, foi identificado um quadro de pneumotórax, sendo imediatamente acionada a equipe de cirurgia geral, que realizou a colocação de dreno torácico, procedimento essencial para estabilização do quadro respiratório da paciente.
Diante da necessidade de cuidados intensivos especializados, foi providenciado o encaminhamento de Isabelly para a UTI Pediátrica em Santa Maria, por meio de ambulância disponibilizada pelo Município.
Esclarecemos que nenhum dos exames realizados no momento da issão apontou fraturas de costelas ou indícios de violência sexual.
A Santa Casa não possui qualquer relação com as informações que vêm sendo divulgadas sobre o caso e reforça que não divulga dados clínicos de pacientes, especialmente nos casos que envolvem menores de idade, em estrito cumprimento ao sigilo médico, conforme previsto no Código de Ética Médica, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e demais legislações vigentes.
Todas as informações clínicas e documentações pertinentes foram encaminhadas exclusivamente aos órgãos competentes responsáveis pela investigação.
A instituição reafirma seu compromisso com a ética, a responsabilidade e a integridade na prestação do atendimento, sempre com foco no cuidado, na vida e no respeito aos pacientes e seus familiares."
Confira a nota da delegacia de São Gabriel: 5j1n1k
"Em relação ao caso Izabelly, informamos que a prisão em flagrante efetuada ocorreu à luz dos elementos de informação colhidos no momento em que a Polícia Civil teve conhecimento dos fatos.
Conselheiras Tutelares se encontravam no Hospital, a pedido de funcionários da instituição, diante de possível caso de lesões, inclusive genitais e notícias de fraturas. Foi chamada a guarnição da BM que, tomando ciência da situação, solicitou a presença da Polícia Civil. A vítima já se encontrava com dreno no peito e intubada.
Documentos da evolução da paciente e depoimentos davam conta da chegada da vítima em estado de choque, com lesões, inclusive genitais, que precisavam ser esclarecidas. Para além disso, a mãe da vítima relatou ter flagrado seu companheiro realizando carícias indevidas na filha, o que ocasionou discussão entre o casal.
Diante disso, foi lavrado APF, pelo crime de maus-tratos, na modalidade de privação de cuidados indispensáveis, qualificado pelas lesões graves, e majorado pela idade da vítima (art. 136, §§1º, e 3º, do ), haja vista que a vítima estava acamada desde domingo, e que desde terça-feira não mais falava, e também pelo crime de estupro de vulnerável, diante dos relatos da mãe e dos documentos até então existentes.
Em relação ao laudo pericial, causa estranheza o fato de os veículos de comunicação terem tido o a ele antes que esse órgão policial.
Não obstante, independentemente das conclusões periciais, que, inclusive, podem ser objeto de questionamento, o crime de maus-tratos, agora qualificado pela morte, ostenta materialidade inequívoca. A vítima chegou em choque clínico, devido à sonegação de busca de atendimento médico pelos pais. Em relação ao possível estupro, lembra-se que ele não se consuma apenas com penetração, mas com qualquer ato libidinoso, e os elementos de informação, tanto no momento do flagrante, quanto no andamento da investigação apontam para a sua existência.
A Polícia Civil atua com responsabilidade como primeiro garantidor das liberdades e garantias franqueadas pela CF. No entanto, diante de elementos de convicção que façam concluir a respeito da culpabilidade, deve agir para evitar a impunidade e preservar a investigação criminal."
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